sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

"Desejo você aqui"

Uma viagem histórica pelo rock progressivo do Pink Floyd
Por Jorge Luis*


Essa é a faixa título de um dos álbuns mais importantes do Pink Floyd, dedicada ao fundador da banda em 1965, Syd Barret. O então integrante foi afastado da banda devido aos seus problemas psíquicos decorrentes do abuso de drogas, Syd se comportava estranhamente até em entrevistas ao vivo em rede nacional, ficando explícito que o cantor e compositor não estava realmente bem. Wish you were here (Desejo você aqui, em inglês) dá um ar melancólico ao álbum que não somente lembra do companheiro de banda, mas também põe em questão a mercadologia musical e o capitalismo que até então, no ano do seu lançamento (1975), ainda era focado na indústria. Isso fica evidente no videoclipe de Welcome to the machine (Bem vindo à máquina), um dos primeiros produzidos em animação 3D. Quem escuta as canções e assiste as exibições da banda hoje (dispostas na internet), percebe pela arte e pensamento, que os músicos da banda eram pessoas à frente do seu tempo. O mercado da música realmente tornou-se banal, não propriamente pela facilidade de obtenção, mas somando-a a falta de conteúdo.

Oscar Wilde, socialista do século XIX, atacava os jornalistas ingleses pela maneira de dispor a informação e a crítica à sociedade, principalmente no que se direcionava a arte. Segundo o pensador, os jornalistas analisavam e criticavam os artistas da época com base em obras de artistas consagrados, fazendo desta forma, comparações absurdas e que comprometiam a arte que surgia naquela época, pois ainda segundo Wilde, o artista não deveria se preocupar com a opinião alheia, e sim colocar para fora todo o seu sentimento particular sobre sua realidade.

Mal sabia Wilde, que quase um século depois, na própria Inglaterra surgiria uma banda que iria marcar para sempre a história da arte. Até o ano de 2008, fãs do mundo todo esperavam um retorno da banda, mas a morte de Richard Wright devido a um câncer, em 15 de setembro (data do lançamento do Wish you were here) selou qualquer possibilidade. Antes disso em 2006 também já havia falecido o fundador Syd Barret vítima de diabetes. Fica eternizada a incontestável obra de arte nas canções que ainda embalam gerações do mundo todo, e um pensamento que cita: “Como gostaríamos que estivessem aqui”...

Apenas cinco faixas compõem o repertório do Wish you were here:

Lado A
1. "Shine On You Crazy Diamond" (Partes. 1-5) (David Gilmour/ Roger Waters/ Rick Wright) – 13:33
2. "Welcome to the Machine" (Roger Waters) – 7:26

Lado B
1. "Have a Cigar" (Waters) – 5:07
2. "Wish You Were Here" (Gilmour/ Waters) – 5:40
3. "Shine On You Crazy Diamond" (Partes. 6-9) (Gilmour/ Waters/ Wright) – 12:21

Para os que desejam conhecer melhor a obra desta banda, basta digitar o nome em sites de busca. No “You Tube” encontrarão diversos vídeos, mostrando a magnitude das apresentações ao vivo, onde muitos efeitos visuais eram utilizados para transmitir diversas sensações ao público.

“O espectáculo mais elaborado que os Floyd montaram foi o da digressão de The Wall, no qual um grupo de músicos contratados tocava a primeira canção usando máscaras de borracha (provando assim que os membros da banda não eram reconhecidos pelas suas personalidades individuais). Depois, um gigantesco muro era erguido, separando a banda da audiência e que no final do espectáculo era demolido por explosões. Este espectáculo foi recriado por Roger Waters em 1990 no meio das ruínas do Muro de Berlim, convidando para o efeito músicos conhecidos como Bryan Adams, Van Morrison, Scorpions, The Band, Joni Mitchell, Cyndi Lauper e Sinéad O'Connor.” (Wilkipédia, a enciclopédia livre)


* Jorge Luis é estudante de história da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia e estuda a trajetória da banda de rock inglesa Pink Floyd.

3 comentários:

Toni Caldas disse...

Como fã de carteirinha não só deste mas de todos os trabalhos da banda, adorei o texto e a relação com o jornalismo.

Também é bom saber que existem pessoas do CAHL interessadas no trabalho genial dos caras, e recomendo: ouçam outros álbuns além dos "principais" deles, garanto que se curtiram esses vão adorar os outros!

Dr. do absurdo disse...

Taí uma banda que nunca fui muito fã....

Os Imperdoáveis disse...

O texto tem sim uma dose de "fã" (assim como gosto de outras bandas de prog como Emerson lake palmer, yes, paternoster... e dos inúmeros "ramos" do rock em geral) porém o foco do texto é a mercadologia da arte, logo, não é de interesse saber se é fã ou não. o interessante é que o pink tinha a autocrítica, em extinção na arte contemporânea.

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