quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Pedido de casamento

Blog da Noiva Negra
Nunca acreditei no acaso. Sempre acreditei que as coisas acontecem porque elas têm que acontecer (se fizermos por merecer, é claro), que as pessoas que surgem na nossa vida já estavam pré-destinadas.

Não fui eu que mandei meu coração te escolher. Nunca quis me apaixonar por você. Mas aconteceu porque era pra acontecer! Porque nós teríamos que estar juntos mais uma vez, para selar o amor de outra vida.

Quero ser sua. Sua esposa, companheira, amiga, mulher, amante e mãe de seus filhos. Quero construir uma vida ao seu lado, uma família. Se tenho medo? Quem não tem medo? Mas eu acredito em nosso amor. E pronto! O mundo pode ir contra, mas eu sou a favor do que estava escrito para nós. Acredito neste reencontro, no teu olhar doce e sincero. Quem não arrisca nunca vai saber, quem não arrisca nunca vai dizer se pode ser feliz.

Eu aceito! Aceito dividir minha vida, meu tempo, minha história, minha cama e guarda-roupa. Aceito seu colo, acordar a seu lado, fazer seu café, passar sua roupa. Aceito te dar as mãos, fazer planos, viajar juntos. Aceito sua comida, seu abraço e teu sexo. Aceito o seu amor, uma aliança e me vestir de noiva com meu Black Power,“véu e grinalda”. Aceito, sim! Aceito acima de todas as coisas o nosso amor.  Amo você.

Nota da autora: Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Ser mulher é gozar

Entender que somos mulheres é compreender que sangue de menstruação não é nojento; que nós também temos desejos sexuais, nos tocamos e gozamos; que somos livres para usar roupas curtas, que ter pelos grandes não é falta de higiene; que podemos beijar ou transar com quem quisermos sem ser "uma piriguete". 

Entender isso é compreender também que não somos menos mulheres se não optarmos por maquiagem, unha feita e pernas depiladas; que temos o direito de não saber cozinhar; que vamos além de um corpo ou uma vagina; que podemos escolher não ter filhos e filhas e não casar.

Entender que somos mulheres é ter o direito de ser vadia quando bem entendermos e de dizer "eu não te quero" e ser respeitada por esta decisão.

Entender que somos mulheres é ir pelo oposto das regras criadas pelo machismo. Entender o ser mulher é saber gozar a vida!

Foto: Google/Reprodução

domingo, 8 de setembro de 2013

A dor do racismo

Quando ser negra vai além de uma questão de pele...

O racismo me calou durante anos. Calou-me através da timidez, da baixa estima, dos cabelos alisados ou do ferro no cabelo na beira do fogão, calou-me através das roupas, das bonecas brancas de bocas rosadas e barbies louras. Calou minha inteligência, minha coragem e meus desejos. O racismo não deixou ver minha beleza durante anos, escondeu meu sorriso, não me deixou ser doutora, nem atriz ou modelo, me fez não querer tentar ir às bancadas ou reportagens do telejornal, me fez acreditar que sou incapaz, ou “burra” e feia. O racismo me fez durante anos enxergar um cabelo ruim, me fez chorar, odiar minha pele e meu nariz, fez me esconder no fundo da sala de aula, não querer namorar, fugir dos homens e acreditar que “aquele olhar não era pra mim” ou que eu não seria pra casar. O racismo me fez acreditar que nunca vou conseguir e que aquele palco não me pertence. O racismo trouxe-me tanta dor, tantas lágrimas que hoje são transformadas em uma única palavra: RESISTÊNCIA!

Ao acordar enfrento o racismo cruel no trabalho, na rua e na escola. Enfrento o racismo do olhar, o verbal, imaginário e disfarçado. Enfrento o racismo em uma cidade negra que carrega uma cultura do preconceito, do cabelo liso, da sexualidade da negra, roupas “da moda” e uma cidade que diz que “seu lugar não é aqui, sua neguinha” e que “candomblé é coisa do diabo”.

Sou negra, jornalista, agente comunitária de saúde, soterocachoeirana, amo o meu cabelo crespo, meu nariz, sou linda e me visto como eu amo, adoro turbantes, samba de roda, faço capoeira e para mim ser negra é muito mais do que uma questão de pele. Todos e todas somos iguais, mas só quem é negro/negra sente a dor da chibata nas costas. Chorar não alivia a dor. Enxuga essas lagrimas, levanta e vamos a luta!

RESISTA, NEGRO! RESISTA, NEGRA!

terça-feira, 4 de junho de 2013

Já experimentou sua fragrância hoje?

Imagem do Google

Nós temos um perfume próprio, que não se compra nas prateleiras dos supermercados ou perfumarias, que não se compra nos catálogos de revistas ou nos sites na internet. Quando descobri minha alergia, passei a experimentar a sensação de não usar perfumes. Achei que seria difícil, mas não foi! Descobrir o meu cheiro foi algo mágico, encantador. E descobrir que ninguém poderia ter um cheiro igual ao meu foi mais encantador ainda.

Nós aprendemos desde pequenas/os a nos perfumar, porque nos dizem que somos fedorentos (ou não temos cheiro, ou nosso cheiro não é tão agradável assim). Mas aí descobri que tudo isso aí são coisas que colocam na cabeça da gente. Proponho que cada um se permita a descobrir seu cheiro. Nem que seja por um dia, que você escolha sair perfumado de si, exalando sua fragrância ao dar um abraço, um beijo, ao estar junto, ao simplesmente passar. 

Se as flores tem o seu perfume próprio e não usam outras fragrâncias, porque temos que buscar perfumes se nós somos perfumados por natureza?
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