quarta-feira, 13 de março de 2013

Heroica Cachoeira

Aos verdadeiros heróicos

Cachoeira, minha cidade-mãe, localizada na região do Recôncavo da Bahia. A região fez parte
do ciclo econômico da cana-de-açúcar e fumo do país, durante os séculoS XVIII e XIX.
Foto: Rita Barreto/SeturBA

Aos 13 de março de 1837, a Vila de Nossa Senhora do Rosário do Porto da Cachoeira é elevada à categoria de cidade e recebe a denominação de ‘Heroica Cidade da Cachoeira’. O crescimento das exportações, a circulação de pessoas e o desenvolvimento da cidade, baseado principalmente na sua economia, provocaram uma inquietação na comunidade, que almejava este título.

Hoje são comemorados 176 anos de emancipação, um marco político para a cidade. Mas Cachoeira vai muito mais além do que estes mais de 100 anos. Para o povo que aqui habitou e ajudou no progresso da cidade, são mais de 300 anos de resistência.

Cachoeira foi construída pelas nossas irmãs e irmãos que labutaram na construção desses imponentes sobrados e casarios coloniais, que enriqueceram senhores nos engenhos de açúcar, que abasteceram a cidade no ir e vir dos saveiros na Baía de Todos os Santos, que labutaram na pesca no rio Paraguaçu (que hoje não está mais para peixe, né?), nas fábricas de charutos, nas casas das sinhás, na feira livre, no dia-a-dia.

Irmãs e irmãos que fizeram Cachoeira ser quem é, que vai além da arquitetura, mas que é de uma gama cultural e histórica que resiste até os dias de hoje. Que luta por seu espaço, reconhecimento e valorização. Irmãs e irmãos que carregam pedras, cimento, lavam roupa, cuidam do menino, mas que no final do dia ou da semana esquecem a agonia e caem no samba de roda, na pelada do bairro, no batuque de mesa, na maniçoba ou feijoada no fundo do quintal.

Cachoeira é a resistência dos terreiros de candomblé, é o molejo do samba de roda, o balanço do reggae, a festa de largo, a riqueza das irmãs da Boa Morte, a criatividade e sátira da Festa d’Ajuda, o saboroso São João, o ir e vir da Ponte Dom Pedro II, o barulho do trem, a roda de capoeira, as baianas do samba e do acarajé. Cachoeira guarda em si uma energia inexplicável, que atrai e encanta gente de todo o mundo.

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