segunda-feira, 17 de novembro de 2008

“Olhai as crianças do nosso Brasil!” *



Certa feita estava eu conversando com um professor – que será pai - sobre como está a educação às crianças atualmente. Ele relatou um caso de uma menininha de apenas três anos que disse a uma coleguinha de creche, que a zoava: “Pare de me abusar, senão vou lhe dar uma facada!”.
(Pausa para silêncio – e espanto).
Então veio a pergunta da professora - que presenciou o fato:
- Onde você ouviu isso Anabel **?
Ah tia, meu pai disse a minha mamãe.
(...)
Pulei mais um parágrafo para simbolizar tal espanto, que é muito mais impactante que o anterior. Analisando os dizeres da pequena criança, um ser inocente, mal sabendo o significado da frase dita – mas que apenas repetiu o que ouviu em seu lar – pode-se supor que a garotinha tenha presenciado muito mais do que um simples “Vou lhe dar uma facada!”. Ela pode ter presenciado agressões e ameaças. E achar isso comum.
Considero ser a criança o espelho dos pais. Elas refletem o que é emitido; o modo de falar, os gestos, manias, palavrões, o caminhar, as atitudes. E é preciso extremo cuidado do que nós emitimos, pois a criança de hoje será o adulto de amanhã. Evidente que se emitimos coisas ruins em demasia, possa ser que venha a se formar um adulto mal-caráter. Como por exemplo, um garoto que apanha muito dos pais por qualquer motivo desnecessário poderá tornar-se futuramente uma pessoa de comportamento agressivo.
É necessária muita disposição e jogo de cintura para educar um ‘bambino’. Temos de ensinar bons modos, o que se pode ou não fazer, como se cuidar, como tratar alguém... “N” ensinamentos. E por mais que a gente tenha total dedicação e empenho, não devemos esquecer do mundo lá fora. Que é cruel, covarde e medonho. Ele pode influenciar muito no comportamento. Ainda mais quando o indivíduo está em fase de construção e conhecimento.
Esse fato verídico acontece em tantos outros cantos longe de nós. E de diversas formas. Vemos constantemente suas conseqüências nos jornais e na televisão, com o drama dos pais. Sem saber eles que na maioria das vezes são os próprios culpados pelo que os filhos se transformam.
Devemos mostrar a criança os dois lados da moeda, os dois caminhos que ela encontrará pela frente. Fazendo o possível – e também o impossível – para estar ao lado, acompanhando seus passos – porém sem sufocá-las ou prendê-las demais -, mostrando o caminho correto, para quando for jogada ao mundo poder decidir por si só que estrada prosseguir. Estando ciente das conseqüências, é claro. Mas, venhamos e convenhamos, o verdadeiro retrato que a sociedade traz da educação doméstica dada às crianças do nosso Brasil ‘baronil’ é infeliz.

Por Lorena Rodrigues


* Trecho da música de Lúcia Helena.
** O nome Anabel é fictício, para preservar a identidade da criança.

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